terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Que saudades...

Que saudades...
Uma saudade que doí dentro do meu peito, e as lembranças chegam em minha mente como se pudesse vive-las outra vez.
Como eu gostaria de correr para te encontrar, como fazia quando criança...
Corria para aquele homem sujo do trabalho na lavoura, corria para aquele homem honrado, corria para o meu porto seguro...
E caminhava ao seu lado quase correndo, com minhas perninhas curtinhas, tentando acompanhar aquele gigante, que apesar do cansaço, da rispidez, ainda assim me trazia toda a segurança do mundo...
Que saudades meu pai...
Que saudades de te ver se lavar, de te ver comer,... sempre com aquela expressão séria no rosto, nunca nos deixando saber o porque da sua tristeza...
Que saudades pai...
Saudades de me sentar ao seu lado no campo, enquanto tirava seu pequeno caldeirão do embornal para se alimentar depois de horas trabalhando curvado sobre a enxada, mas mesmo assim, tinha paciência em  comer me ouvindo perguntar a todo instante se estava com muita fome. E a resposta era sempre que não estava, até que parava e me perguntava se queria comer o cantinho que tinha deixado para mim. Coma senão vai sobrar dizia sempre...
Que saudades pai... do seu olhar perdido em suas próprias preocupações, ou lembranças, ou magoas de algo que nunca saberemos...
Que saudades pai... do teu cheiro, da sua voz arrastada pelo sotaque...
Que saudades de te ver todos os dias ouvindo a hora da Ave Maria no rádio...
Hoje a vida não é mais a mesma sem o senhor pai.
Apesar de tudo que passamos ao teu lado, juro, mas juro que gostaria de ter tido mais tempo para te entender e te conhecer melhor.
Muitas vezes se sentou e contou histórias da sua juventude... muitas vezes te vi chorar e desmoronar por perder alguém que amava.
Muitas vezes brigamos por coisas que no momento não entendia, mas muito mais , hoje percebo, as inúmeras provas do seu amor.
Que saudades pai...
Que saudades é essa que depois de 25 anos ainda me doí ?
Queria tanto te ter ao meu lado, participando das minhas lutas e me ensinando o caminho... com sua sabedoria, seu senso de justiça, com sua honestidade... Nunca, nunca, em toda minha vida, conheci uma pessoa mais honesta do que o senhor.
Quanta falta tudo isso me faz...
Que saudade pai...

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Silêncio...

Era inverno. Noite fria, céu estrelado... e corpos ardentes. Suas mãos tocaram as dela tentando guia-las por caminhos até então nunca percorridos. Seus corações disparam, seus corpos queimam... Ele seguro, ela tremula, quase sem respirar, mas com um amor tão grande dentro do peito, que a necessidade de estravasá-lo se fazia imediata. E ela sentiu em suas mãos o quanto era desejada por ele. Pouco a pouco, com toda delicadeza esperada, os botões de sua roupa se abriam. O calor de seus corpos se uniam , ela ansiando para que se tornassem um só... O momento era sublime. A mente deixou de funcionar, somente o coração disparado... nenhum deles falava qualquer palavra... a respiração ofegante e o amor que explodia no ar, os fazia entender que chegara o momento... Um momento que se perdeu lentamente quando ele decide que não. Por algum motivo, nunca entendido por ela, ele decidiu  - não posso...
Uma sensação de rejeição tomou conta dela...não  conseguia entender. Se abraçaram desesperadamente, se beijaram loucamente... e ela não entendia... - Porque ?! ... Se perderam naquele dia... Os anos foram passando. Décadas se passaram. Nunca mais souberam um do outro. E hoje, com os cabelos já brancos, com marcas da vida no rosto... ainda hoje ela se pergunta... Porque ?!... e só ouve o silêncio... essa é uma resposta que nunca terá...